Entrevistamos a equipe de ‘Damon & Pítias: O Novo Caminho’

Na noite deste domingo (13), no 717º aniversário da prisão de Jacques de Molay e dos cavaleiros templários, o Grande Conselho Estadual do Paraná nos deixou simplesmente deslumbrados.

Assista à Damon & Pítias: O Novo Caminho, a produção audiovisual do Gabinete Estadual Novos Caminhos e da Diretoria Executiva Guardiões da Ordem >>>

A contagem regressiva começou às 19hrs55min e, como se não bastasse, os primeiros segundos seguiram a tônica de mistério que pautou toda a divulgação deste lançamento. Quando finalmente a coisa começou, o suspense se transformou em atordoamento. Demorou para cair a ficha de que aquilo realmente estava acontecendo.

A lenda original de Damon & Pítias é diferente da que foi apresentada pelo filme, mas as mudanças aplicadas fortaleceram muito a narrativa, recheando-a de significado e momentos emocionantes. É uma verdadeira obra prima. Se fosse lançado nos cinemas, eu certamente garantiria meu lugar na estreia e em todas as sessões possíveis.

As lições e simbolismos que a história traz, todos baseados em cerimônias e conhecimentos da Ordem DeMolay, dão espaço para discussões profundas, intermináveis e fundamentais da vida humana. Em suma, ela fala por si mesma.

Sendo assim, resta descobrir quem foram os responsáveis e como esse maravilhoso conteúdo foi feito. Para nos ajudar, buscamos a equipe por trás do filme e conduzimos uma entrevista com ela, que é exatamente o que você vai conferir esse artigo.

Vitor Hugo Barbosa, DeMolay do Capítulo Caminhos da Virtude, foi o coautor da história e a primeira pessoa a ser convidada a participar do projeto. Ele nos contou um pouco da sua experiência:

Confesso que foi uma surpresa quando o Dani me convidou para tocar essa ideia com ele no final de 2023. Desde lá, muita coisa mudou. Muitas reuniões, alterações, mudanças no projeto, fracassos e vitórias resultaram neste trabalho magnífico. Apesar de ter participado no início do projeto, não pude participar integralmente, mas não deixei de acompanhar de perto e, felizmente, consegui retornar para ajudar no final.

É encantador participar dessa história, se envolver nela, ouvir as vozes, os sons, os pensamentos, fechar os olhos e se sentir entre os ouvintes de nossos personagens principais. Inclusive, não é isso que somos? Eu, você, todos os nossos irmãos ouvindo juntos, não somos aqueles ouvintes curiosos que aprendiam com Damon e Pítias, na taverna? Não aprendemos com eles?

Esse projeto abre muitas possibilidades, principalmente agora que já sabemos como fazer. De onde partir. Como continuar criando, produzindo, sendo criativos e inovando com a Ordem DeMolay paranaense. Que mais portas esse audiolivro abre? Quantas pessoas não foram influenciadas positivamente com isso? O que as pessoas que foram tocadas por esse material farão?

Essas possibilidades, esse conjunto de fatores, tudo. Para mim, o que torna esse material tão especial, tão importante, tão valioso, é o todo. As relações criadas, fortalecidas e mantidas; os percalços no caminho; os aprendizados, o fortalecimento de nossa Ordem. Tudo.

Bernardo Cardoso, Produtor Executivo da obra, do Capítulo Francisco Beltrão, esteve presente desde o começo do projeto, quando o objetivo ainda era fazer um filme de cinema. Acompanhando todo o processo, do início ao fim, ele esteve envolvido diretamente na coordenação das equipes de teste, que ouviam e avaliavam a narração, dando sugestões para a história e para a melhoria do texto. Ele nos deu sua perspectiva sobre o processo.

Pouco antes do final de dezembro de 2023, deparei-me com um grupo no WhatsApp que o Daniel havia criado. Nele, diversos irmãos de todos os cantos do Paraná. Não me lembro o nome do grupo agora, mas era algo como uma proposição de um projeto.

O Dani sempre soube fazer um bom suspense. Não contou para ninguém do que se tratava e simplesmente disse que, se todos concordassem em embarcar com ele naquela jornada (sabe-se lá para onde), queria que participássemos de uma reunião no dia 1° de janeiro.

Aquele realmente não era um bom momento para mim. Tinha acabado de ser eleito MC e a minha mente estava focada nisso. Acho que a curiosidade me fez continuar mais do que qualquer coisa naquele momento. Eu queria saber o que era, do que se tratava. Por que aquelas pessoas? Por que eu?

Bom… no primeiro dia de 2024, lá estávamos reunidos, via Meet. Não pude acreditar quando o Daniel contou que o plano era fazer um filme, uma história de Damon e Pítias. Confesso: apesar de ter ouvido esses nomes várias vezes, não fazia a menor ideia de quem eram.

Por que um filme? Por que o DeMolay Paraná faria isso? Foram essas perguntas que o Daniel se preocupou em responder primeiro. Ele realmente convenceu a todos. Duvido que alguém que ouvisse o que foi dito, da forma como ele falou, diria não para esse projeto.

A ideia era excelente, mas sem dúvidas inúmeras dificuldades surgiriam pelo caminho. Não posso dizer que não esperávamos…

Muitos problemas surgiram: o primeiro, orçamento. Como arrumaríamos dinheiro para aquilo? O patrocínio com o caixa do GCE-PR nem foi considerado, por questões estatutárias. Nenhum orçamento havia sido aprovado para isso. Tentou-se até mesmo convocar uma Assembleia Extraordinária, mas isso se mostrou inviável.

Pensamos então nas Lojas. Os Tios poderiam nos socorrer. Uma corrida contra o tempo em busca de verba diretamente das Lojas Maçônicas começou. Planilhas e mais planilhas, MCRs envolvidos e contatos com muitos Tios.

Até que inesperado aconteceu: fomos informados que mesmo assim necessitaríamos de aprovação por Assembleia Geral. Nesse momento o projeto pareceu encerrado. Não tinha como fazer nada sem dinheiro.

Mas a dúvida pairava: o roteiro estava pronto, alinhado, revisado. O que faltava era realmente o dinheiro para fazer aquilo possível.

Acreditei que o Daniel desistiria. Realmente não parecia possível ultrapassar essa barreira. Foi aí que a nova ideia apareceu: um livro, ou melhor, um audiolivro.

O texto foi revisado, reescrito, uma equipe para gravação e um estúdio foram providenciados. No final, tudo acabou saindo do papel, mesmo que não da maneira como esperávamos.

Para mim, Damon e Pítias se tornou muito mais do que uma história de fidelidade. É símbolo de superação, de vontade e da certeza que, com propósito e objetivo, tudo é possível.

Bernardo nos explicou que, em princípio, as gravações do filme aconteceriam na sua região, a 11ª, que engloba Francisco Beltrão, Pato Branco e Dois Vizinhos. Porém, com a mudança de planos e a reorganização dos papéis, essa operação foi deslocada para a capital, onde João Pedro Hey, Mestre Conselheiro do Capítulo Curitiba, o Produtor e responsável pela Trilha Sonora da história, morava. A ele, também endereçamos algumas perguntas…

Tive conhecimento do projeto através do querido irmão, Marco Aurélio Wolker, do Capítulo Apolônio de Tyana, que já trabalhava nele desde o princípio. Ele conversou com o Dani para que eu pudesse contribuir também. Daniel me ligou e, daquele momento em diante, comecei oficialmente a trabalhar na produção. Sou muito grato aos Irmãos pela oportunidade que me deram.

Ele nos explicou sobre o processo de escolha dos dubladores e da trilha sonora.

O processo de escolha da trilha sonora e análise/seleção dos dubladores foi bem interessante e contou a ajuda de vários irmãos. Fiz questão de tomar cuidado para que o resultado final fosse o melhor possível. Procurei, principalmente, por irmãos com experiência nas cerimônias do Nobre Rito da Cavalaria, como o Neckel, Kammers… porém também demos oportunidade para outros irmãos. Eduardo, o Damon, por exemplo, é um membro iniciático do meu Capítulo. Ele tem pouco mais de 3 meses de ordem. A seleção para dar vida aos personagens não poderia ter sido mais feliz e isso ficou claro desde o primeiro dia de gravações.

Comentando a participação de Tios e primas que não fazem parte da Ordem DeMolay, como Maria Letícia (Agnes), Sofia Borba (Dioni), Raissa Caxambu (Emilia), Maria Eduarda (Voz Feminina A), Alessandra dos Santos (Hipólita) e o Tio José Rosset Filho (narrador), ele exaltou a ajuda dada pela Assembleia Harmonia das Cores, nº 14, da Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas. Revelou como foi o convite do narrador da história.

A escolha do Narrador foi meio inesperada, mas aconteceu durante um conversa que tive com o Tio Rosset, enquanto ele fazia um churrasco e contava piadas sobre como sua voz foi “prejudicada” por hábitos tabagistas. No meio da conversa, tive uma epifania e aproveitei o contexto para falar sobre o projeto. Ele aceitou participar quase que instantaneamente.

As gravações ocorreram no MGC Estúdio, de Curitiba. Elas foram acompanhadas pelo produtor musical Marcelo Gelbcke, o qual foi fundamental para que a qualidade do áudio e das vozes ficasse à altura do que a história merecia, explicou João. No dia seguinte à primeira gravação (que ocorreu em 02 de setembro de 2024), os áudios brutos já estavam sendo trabalhados pelo editor.

O irmão Sênior, Enzo Alfonso da Silva, o Enzili, é compositor e DJ profissional. Ele foi o responsável pela edição de áudio de Damon & Pítias. Além disso, ele também fez parte do elenco, interpretando a Mão de Dionísio, o nobre siracusano, Georgio. De acordo com o Diretor do filme, Enzili foi um dos grandes destaques. Os dois passaram várias noites madrugada à dentro, via Discord, editando a história.

Esse é um tipo de trabalho que normalmente não realizo, pois é fazer música o meu foco. Nunca havia editado um audiolivro. Apesar disso, foi um trabalho diferente, mas sem muitas complicações. O maior desafio, é claro, era criar algo que provocasse no ouvinte a sensação de imersão necessária para a narrativa. Um exemplo disso foi o espaçamento adequado entre cada gravação, para dar naturalidade às conversas. E os efeitos sonoros, sem dúvidas.

Uma equipe foi responsável por escolher os efeitos sonoros utilizados na faixa de áudio, tais como barulhos de porta, papel, vento e até o arrastar de copos. O Diretor de Efeitos Sonoros foi o irmão Fernando Gulgielmin, do Capítulo Jadson de Souza, que também convidamos para comentar:

Primeiramente, acredito que, não só os personagens do audiolivro, mas também seus produtores tiveram que demonstrar lealdade e confiança uns com os outros, para que esse projeto pudesse sair do papel. Como minha vó diria, se um não quer dois não fazem.

Segundamente, fiquei muito feliz de ter a oportunidade de poder escolher e coordenar a escolha dos efeitos sonoros desse audiolivro, pois creio que são fundamentais para a melhor compreensão de toda a peça. Além disso, foi muito bom poder fazer parte de tudo isso… ver o resultado depois de tanto trabalho é, sem dúvidas, gratificante.

Portanto, gostaria de agradecer ao Daniel, que colocou em sua cabeça a ideia de tornar a história de Damon e Pítias acessível para muitas pessoas, e também de agradecer por ser persistente e determinado para concluir esse projeto com êxito. Adorei a forma com que a história foi contada, deixando bem claras as virtudes da fidelidade e do companheirismo, inspirando muitos a viver dessa forma.

O fato de o áudio contar com o suporte das imagens, na nossa visão, é importante. Dessa maneira, os telespectadores conseguem imaginar o desenrolar da história com mais facilidade. O responsável pelo desenvolvimento das imagens, que foram geradas por Inteligência Artificial, foi o DeMolay ativo Lucca Garcia Nascif Berg, 1º Conselheiro do Capítulo Getúlio Pereira Salerno. O Diretor de Arte comentou:

Quando o Daniel me chegou com o pedido para participar da criação dessa história, eu chamei ele de maluco (mais uma vez, para variar); mas vendo que as mentes mais talentosas do nosso estado compunham a equipe, tive certeza que seria possível. (…)  E apesar de ter tido o medo de não conseguir atender o nível de qualidade que essa história merece, decidi topar. (…) Cada imagem, cada personagem, cada cenário foi feito especialmente para esse projeto, com a intenção de poder passar a verdadeira mensagem dessa ideia: um Novo Caminho para a Ordem DeMolay.

O irmão Lucca, ao final da sua fala, ressaltou um aspecto importante. Realmente, o projeto representa um novo caminho. Mais do que um entretenimento, Damon & Pítias é uma obra que transmite valores e sentimentos. Nossa ordem sempre se diferenciou de outras instituições para jovens através do caráter ritualístico. Agora, com esse lançamento, a Ordem DeMolay tem um novo diferencial.

Daniel Rodrigues de Carvalho, DeMolay Sênior do Capítulo Getúlio Pereira Salerno, foi o Diretor e Roteirista. Perguntamos a ele qual foi a coisa mais importante para que esse projeto revolucionário saísse do papel. Ele respondeu:

Desde dezembro do ano passado, nossa história teve altos e baixos. Em vários momentos, eu realmente pensei em desistir, foi um processo que gerou tanto uma gratificação, por ver as etapas sendo concluídas, quanto angústia, por vê-lo quase se tornando inviável diversas vezes. Então, se tem uma coisa que foi importante de verdade foram as pessoas: os amigos, os verdadeiros irmãos que estiveram ao meu lado e toparam enfrentar o que desse e viesse, em prol dessa história. Bernardo, João, Vitor… Maeda… todos eles me ajudaram a atravessar esses períodos difíceis e a manter a luz acesa. Sem eles, nada teria acontecido. Se ‘Damon & Pítias’ traz alguma verdade é porque vivemos essa verdade durante a produção. Cada um de nós foi, um para o outro, luz contra toda escuridão. Não é postura, nem farsa íntima. Essa é a mais pura verdade sobre o que aconteceu e não existe forma mais clara de dizer isso. Não podemos deixar de reconhecer o apoio incondicional devotado pelas nossas lideranças estaduais, GMEs e MCEs, a este projeto. Eles nunca deixaram de contribuir com sugestões, buscar alternativas e tentar resolver os desafios que encontrávamos no caminho. A confiança e incentivo que recebi deles tornou tudo mais fácil. No mais, Deus foi parte essencial nesse processo. Coloquei nas mãos Dele o destino da história, confiando que, se fossemos dignos, Ele nos agraciaria com o que fosse necessário. Para mim, em particular, ter vivido essa experiência me ensinou uma coisa sobre Ele. Se você quer algo, peça e receberá… quando você menos esperar.

O Sênior DeMolay pediu para que incluíssemos os créditos da produção no artigo, mas enfatizou que muitas outras pessoas participaram do processo, muitas em funções temporárias ou indiretamente (aproximadamente 60). A lista se encontra ao final do artigo.

Também perguntamos a ele como pretende dar continuidade a este projeto, se existem planos para o futuro… todos nós sabemos que ainda há Davi & Jônatas… mas a resposta dele, infelizmente, não foi a esperada.

Bom… eu adoraria, de verdade! Mais do que qualquer um. Mas é preciso reconhecer uma coisa: a Ordem DeMolay é uma organização para rapazes de 12 a 21 anos. Eu tenho 22. Isso quer dizer que minhas contribuições são proibidas? Ou que eu não deveria continuar ajudando? Não, mas o protagonismo não pode mais ser meu. O papel mudou. Enquanto tive tempo, dei o meu melhor para cumprir com as minhas atribuições com excelência, buscando sempre o extraordinário. Agora, é hora de outros meninos assumirem a liderança. Se algum deles, um dia, desejar transformar ‘Damon & Pítias’ em um filme de verdade, como era o projeto inicial, ou criar algo para essa história que você citou – que é ótima -, ou quem sabe criar uma história sobre como Louis Lower conheceu Frank Land… enfim, terão todo o meu apoio. Contudo, essa iniciativa deve partir deles. Nós, os velhos, devemos dançar conforme a música. Devemos estar na reserva.

Damon & Pítias, de certa maneira, mostrou que temos a oportunidade de escrever uma história incrível, se estivermos dispostos a trabalhar por ela. Para onde essa mudança de paradigma vai nos levar é um mistério inquietante, que parece estar aguardando alguém que, fascinando-se por ele, decida assumir a caneta e revelá-lo ao mundo.

Créditos de ‘Damon & Pítias: O Novo Caminho’: